Pilates No Pós Operatório Do Câncer De Mama
Imagine passar por um ano de
tratamento de câncer de mama, incluindo cirurgia, remoção de gânglios
linfáticos, quimioterapia e radioterapia.Terminada esta fase, está na
hora de recomeçar a sua vida e iniciar uma dieta restrita e um programa
de exercícios.
Apesar do exercício ser um dos fatores
mais importantes, tanto na redução do risco de câncer de mama, como nos
tratamentos pós cirurgia, até 2005 a Rede Nacional de Linfedemas nos
Estados Unidos aconselhava as mulheres em risco de linfedema a não
praticarem exercícios ou atividades exaustivas, como, por exemplo,
levantar pesos maiores do que 2,5 kg. Não é de admirar que as mulheres
mastectomizadas, assim como a comunidade médica, sentiam-se confusas com
a recomendação de evitar atividades mais cansativas – recomendação essa
baseada mais no medo do que em pesquisa consistente.
Precauções na Prática de Exercícios para Pacientes em risco de Linfedema
- Não medir a pressão arterial no braço afetado.
- Evitar a prática de exercícios quando está muito calor. Exercitar-se em lugares arejados ou com ar condicionado, se possível.
- Use protetor solar e repelente de insetos quando estiver praticando exercícios ao ar livre.
- Usar uma luva de compressão.
- Em caso de sintomas tais como sensação de peso, dormência, vermelhidão, inflamação, lesões de pele, febre, dor ou coceira, contacte um médico imediatamente.
- Mantenha-se bem hidratada. A hidratação é essencial para a função linfática.
O que é um Linfedema?
O linfedema é a retenção localizada
de fluidos, provocada por um bloqueamento do sistema linfático. No caso
de pacientes com câncer de mama, o linfedema causa inchaço nos tecidos
moles do braço, mão, tronco e peito no lado da cirurgia. Mulheres que
sofreram dissecação axilar e/ou radiação estão particularmente em risco.
Os sintomas incluem sensação de peso,
dormência, fadiga e, algumas vezes, dor. As mulheres afetadas têm
movimentos limitados dos braços e diminuição da força muscular, causando
restrições nas suas atividades. O braço mais “duro” a medida que o
linfedema piora.
O linfedema pode desenvolver-se meses
ou anos após o tratamento de câncer e pode ser provocado por uma
infecção, movimentos repetitivos, viagens de avião, picadas de insetos,
massagens vigorosas ou obesidade. Obviamente que prevenir um linfedema
ou detectá-lo precocemente é melhor do que tratá-lo em estado avançado.
Os gânglios linfáticos atuam como
filtros, produzindo linfócitos que ajudam a destruir bactérias, células
cancerosas e outros desperdícios. Existem aproximadamente 30 a 45
linfonodos na região da axila; se há suspeita de câncer nos gânglios,
geralmente são removidos de 10 a 15 para evitar que se espalhe. Se os
linfonodos remanescentes não conseguem compensar o trabalho daqueles que
foram removidos, poderá então surgir o linfedema. A radiação pode
causar ainda mais danos devido à cicatrização dos vasos linfáticos.
Finalmente, a tendência natural de proteger o braço após a cirurgia
causa encurtamento dos músculos peitoral maior e trapézio e distensão
dos músculos que estabilizam o ombro. A subsequente perda da mobilidade
pode prejudicar ainda mais a drenagem linfática normal do braço.
O Papel do Exercício Físico
Como é que o exercício pode então
fazer a diferença? Ao contrário do sistema circulatório, o sistema
linfático não possui um bombeamento central; ele é estimulado pelas
mudanças de pressão das contrações musculares ou da respiração profunda.
A respiração profunda melhora o bombeamento no ducto torácico; as
contrações musculares realizadas em uma sequência específica (geralmente
a partir das extremidades em direção ao tronco) pode aumentar o retorno
linfático. Além disso podem ser feitos exercícios para alongar os
músculos peitoral maior e trapézio, e fortalecer os músculos do ombro.
Exercícios que enfatizam a respiração profunda e flexibilidade, tais
como o Pilates, podem ser particularmente benéficos.
Treino de Força
O treino de força na área afetada tem
sido um assunto controverso. Tente fazer os exercícios com calma e siga
as instruções abaixo:
- Sempre inicie com aquecimento antes de começar o treino de força no braço afectado.
- Observe a resposta ao exercício. Fique atenta a qualquer inchaço na área, o qual poderá indicar que a carga ou o número de repetições está muito alto, ajustando então o programa de acordo com essa resposta. (um fisioterapeuta poderá lhe ensinar como medir a circunferência do braço, com a fita métrica).
- Use uma luva de compressão (geralmente prescrita pelo fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional).
- Concentre-se nos músculos dos ombros e das costas, incluindo o deltóide, serrátil anterior, trapézio, rombóides e os músculos estabilizadores do ombro, chamados de manguito rotador, para otimizar o fortalecimento do ombro e promover vias alternativas de drenagem linfática.
- Trabalhe a região abdominal para facilitar o retorno do fluxo linfático ao ducto torácico.
- Para dar um descanso ao braço afetado, alterne os braços; alterne também exercícios para o tronco superior e inferior ou treine em circuito, incluindo tanto o treino cardiovascular como o treino de força.
- Planeje um programa para 2 a 3 vezes na semana. Comece devagar e vá progredindo gradualmente .Proceda da maneira usual para treinar o braço não afetado, tronco, abdominais e pernas, a não ser que a reconstrução da mama tenha sido feita utilizando o músculo reto do abdomem. Neste caso, consulte o seu médico antes de começar qualquer exercício abdominal.
- Inclua exercícios de Pilates, os quais enfatizam a postura e respiração enquanto trabalham a região abdominal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário